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Wednesday, September 06, 2006

Belo, taxistas e urubus

Ando de táxi quase todos os dias. Isto não deveria ser uma reclamação, já que trabalhei em outras publicações que as pautas eram feitas de ônibus mesmo. Melhor ainda, você bancava o transporte e, com a graça divina, eles te reembolsavam um dia.

No entanto, passa a ser uma reclamação assim que você anda de táxi quase todos os dias com a Táxi Dourado. Para começar, é horrível, mas é a realidade eu comemorar sempre quando, de fato, existe um táxi disponível. Não foi apenas uma vez que eu agendei no dia anterior para às 9h da manhã e eles me ligam.

-Senhor Bruno, não temos carros disponíveis no momento. O senhor pode aguardar?

-Mas quanto tempo?

-Ah, não sabemos. Entraremos em contato assim que possível.


Mas um fato curioso, para não dizer triste, me ocorreu na última semana. Pedi um táxi depois de um evento que cobri. A previsão era de 10 minutos e passado o tempo eu desci. Esperei, esperei. Meia hora depois eu liguei para saber o que tinha ocorrido...

-Já te retornamos...

Mais 10 minutos e nada e quando eu já tinha xingado a quinta geração de todos os taxistas do Brasil e todos os Cabs da Inglaterra, aquele Santanão virou a esquina em duas rodas. Entro no veículo.

-Carái! Um filho da puta vestido de roupinha do Carrefour entrou e disse que se chamava Bruno. Eu fui levar ele até a Raposo Tavares.

-Sem problemas...

-Agora, aqueles viado vão me dá um pescoço de três horas sem rádio.

-(se fudeu!!!) Poxa, que chato!

-Vamo pra onde?

-Moema.

-Cacete. E ainda me dão corridinha de 10 real. Fios da puta.


Como sempre, liguei meu ipod e comecei a apreciar Bebel Gilberto quando...

-MEEEEELLLL, sua boca tem um MEEEEEEEEEL. Esse som é do carái (aquele papo de pessoas interativas)

-Legal. (erguendo o ipod, na tentativa do motorista observar que já estava ouvindo uma música)

-É um cedê que eles fizeram pra tirar o Belo da cadeia... Do carái.

-(um sorrisinho sem mostrar os dentes do tipo, que bosta!)

-Vocês, burguesinho, gosta de um pagode, né?

-Nã...


E aumentou o volume que eu não escutava nem mais as buzinadas na rua. Pensei então em dormir. Fechei os olhos, mas aquelas músicas estavam fodendo a minh'alma, com o perdão da expressão. Até que em mais um lapso de interatividade completamente desnecessária...

-Cê curte a avenida Indianópolis?

-Ahn?

-No sábado eu fui levar uns burguesinho pruma festa no Sírio. Daí eles tinham umas grana sobrando e eu fui leva eles pra conhecer as piranha. Rapá, tu não sabe. Aquelas fias da puta das piranha são piranho. Com bingulim e tudo.

-Ah vá...

-Verdade. Imagine. A mulecada ficou doida. Queria pagar pro piranhão fazer uma chup…

-Vira a direita!!!!


O destino, a editora, estava ali. Mais uma vez a salvo dessa horda de taxistas que não gostam de mim. Antes de sair, porém, ele olha para trás com um sorriso no rosto..

-Três horas de pescoção... Vou dar um pulo lá pra ver se ainda tem um daqueles piranhão.

Gente, foi horrível!

* O texto foi enviado pelo nosso querido amigo, Bruno Ferrari

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