O pesadelo do gravador
Gente, foi horrível! Um verdadeiro pesadelo corporativo em real time. Não me surpreenderia se de repente Freddy Kruger surgisse debaixo da mesa AHHHHH que horror!
Estava eu, fazendo a cobertura do fórum da editora que acontece todo mês, na companhia do poderoso chefão e de uns 20 negos só de empresa fodona, quando percebo que a maldita luzinha vermelha do meu gravador não tava acendendo. "Tudo bem, a fita tá rodando", pensei.
Ok, chega o coffee-break, um intervalinho para o povo conversar, mijar, comer e fazer aquela média. Eu que tinha almoçado pastel para dar conta da demanda do dia e recém contraído um resfriado do inferno que, apesar de estar ala Barbie Executiva, linda, loira e peituda, infelizmente também estava ranhenta e fungando, enfim, obviamente eu estava louca por aquela pausa. Por mero tira-teima resolvo voltar a fita para checar se está tudo ok.
Bem, não estava tudo ok. Volto um pouco mais a fita e nada. Confiro o outro lado... e nada. Essa era a segunda fita. Quem sabe a primeira. Escuto uma parte... e nada, só chiados. Do outro lado, também nada. Enquanto isso os participantes que falaram tudo que interessava nessa primeira parte do encontro evacuavam a sala felizes e faceiros, incluindo o boss, que segundos antes de eu me dar conta do problema apontava para mim, sorridente, avisando - "Muito bom! Isso tem que entrar, não pode ficar de fora!" "Isso" era o comentário ausente na segunda fita.
Minha carreira, meu estômago e meu nariz estavam à beira de um colapso, mas firme e forte eu tentava insistentemente resolver a situação. Era inacreditável. Aquilo era importante e não poderia estar acontecendo. Me condenei diversas vezes por não levar outro gravador, por não ter visto antes. Antecipava meu trágico destino, imaginava o que eu não teria que ouvir por conta daquela falha tecnológica.
Com a ajuda de alguns "cúmplices" de confiança que testemunhavam meu desespero, consegui resolver um dos problemas. A pilha do gravador. As duas, aliás. Era esse o motivo. Um técnico lá do hotel conseguiu um par de pilhas e ressussitou a luzinha vermelha. "Alô, alô, teste." Sim estava gravando perfeitamente, mas como diria que a primeira parte tinha se perdido?
O intervalo acabou e tudo que consegui foi passar a mão numa coxinha coquetel e num suco de laranja.Me dividi o resto do fórum prestando a atenção na discussão e pensando em como dar um jeito naquilo, afinal tinha que sair na revista e eu estava sem material.
Pouco mais de 18h termina. Pego minhas coisas, chamo um táxi e saio dali o mais rápido possível. Não tinha condições de contar a verdade para meu chefe naquele momento em que ainda havia convidados em volta e ele mantinha certa alegria conversando com aquela gente. Talvez corresse o risco de uma humilhação pública. Talvez. Não pagaria pra ver. Acenei. Ele sorriu com simpatia e fui embora.
No táxi meu telefone toca. Era minha mãe. Avisava que justo no dia em que eu saí de casa sem carro e sem chave ela e todo o resto da família não estariam em casa. "Espera lá no supermercado", me disse.
Que jeito! Fui. Estava lá sem teto, sem comida e com receio de estar brevemente sem emprego. Pego novamente as fitas problemáticas e tento com calma rebubinar e ouvi-las desde o começo. Um chiadinho e de repente... ufa! Funcionaram!
2 Comments:
Paula do céu, que pânico...
Ainda bem que deu certo. Murphy não conseguiu te pegar!!
Ps: o texto ficou ótimo!!!
8:32 AM
Hahaha obrigada! E quase foi horrível ao quadrado porque depois de escrever direto na página do blog dava erro de leitura, mas enfim
10:08 AM
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