E o salário óóó
Gente! Primeiro está sendo horrível só eu escrever nesse blog. Cadê as outras autoras?? Bobie, Gabi, Paula?? Duvido que vocês não estão passando por momentos horríveis.
Esse relato é uma coisa meio “internal joke”, me desculpem os não-jornalistas que lêem esse blog. Eu odeio quando o povo fica fazendo piadinha interna, rindo pra caralho e vc fica lá boiando, querendo rir também.
Estava eu no buzão (é sério gente, coisas absurdas acontecem em ônibus. E se eu for contabilizar, devo passar cerca de duas a três horas dentro de um coletivo por dia, ou seja? Muita história para contar).
Enfim, tava eu lá, linda bela e loura (não sou nem linda, nem bela, muito menos loura hahaha). Um puta trânsito do cacete, chovendo, todos os vidros fechados, lotadaço, a própria visão do inferno. Ai entra uma moça bufando. Na hora reconheci: era uma pessoa interativa, daquelas que puxam papo até com papagaio.
Ela me olhou e eu peguei o celular, claro (sempre uso essa tática, é infalível). O cobrador estava próximo, sozinho, vulnerável. A preza perfeita. E ai ela começou: “a gente se fode, trabalha pra cacete, ganha mal pra caralho e ainda tem que entrar num buzão lotado, chuviscando e esse povo não abre o vidro. Vamos abrir o vidro ai pessoal”. E foi assim emendando um assunto no outro até que ela disse: “e olha que eu sou jornalista, deveria ter regalias, mas sabe quanto eu ganho, vc sabe? Vc sabe? (começou a apontar para as pessoas, ela falava alto, mobilizou o buzão, parecia uma pregadora). É gente é uma vergonha, tenho duas faculdades. Vocês sabem o que é duas faculdades? O investimento? E eu ganho 1.500 reais. É isso mesmo gente, 1.500 reais. E você cobrador quanto ganha? Aposto que ganha mais que eu, aposto”.´
Nessas eu tava rolando de rir, mas evitava ao máximo olhar para ela. Será que tenho cara de jornalista? Me deu um pânico repentino.
O coitado do cobrador já tava quase dando uma moeda para ela e disse: “é, realmente eu ganho mais se contar as horas extras”.
E ela feliz: eu não disse? Eu não disse? Esse país é uma vergonha e blá blá blá...
É colegas, pra gente ver a situação de um jornalista no Brasil. A pessoa desabafa em pleno Jardim Macedônia para um cobrador...
4 Comments:
Hahahaha
Boa! Passei por uma situação semelhante e vou relatá-la aqui.
Só que eu fui a pessoa que mostrei o holerite no metrê há alguns anos... não, eu não era jornalista ainda e sonhava que as coisas melhorariam hehehehe
Vou escrever, tá?
Tenho milhões de coisas horrívels pra contar, incluindo histórias de amigas hehehe
Grande beijo,
Bobie.
6:29 PM
eu juro q vou voltar! tenho várias histórias horríveis....
3:25 AM
Eu tenho a séria pretensão de um dia lançar um livro sobre histórias de busão. Eu não sou jornalista, mas sou publicitária e me identifiquei com o seu post. Aliás, sou pobrecitária e já peguei muito o Jd. Macedônia!
5:27 AM
Cheguei ao blog por indicação de uma amiga. Muito bom o post. Durante uma época, pegava todo dia a linha cinza da CPTM (osasco, carapicuíba etc) e são inúmeras as aventuras... rs... Também sou jornalista e entendo a revolta da coleguinha no busão.
Aliás, Sakana, escreva mesmo o livro. Eu leria.
Parabéns aos autores pelo blog. Abs.
Lucas Pretti
blog Cubo Mágico
3:45 PM
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